quarta-feira, abril 23, 2008

O Calvário semanal



Desde tempos imemoriais que se fazem feiras em Portugal. Estarão mesmo na génese de algumas povoações do norte do país como Ponte de Lima e Santa Maria da Feira, locais onde a ocorrência de trocas comerciais periódicas e constantes levou à fixação de populações que se dedicavam a outros negócios complementares, tais como a hospedagem, restauração, artesãos e animadores.

Os séculos foram passando e as feiras evoluíram para uma situação que em nada serve o comércio nem os seus utentes.

De ponto de venda de tudo o que era necessário para a vida quotidiana das populações, passaram a ponto de venda de contrafacção, produtos roubados, chinesices, entre outras etnicices que nos surgem nas feiras de norte a sul do país.

Onde estão as louças, os produtos de cerâmica utilitária (vasos e outros utensílios do género), alfaias agrícolas, animais...? Foram substituídos por bugigangas chinesas, artesanato pseudo africano feito no paquistão, contrafacção asiática das marcas da moda, entre outras aberrações.

Os próprios feirantes, gente que em outros tempos percorria as vilas e cidades na sua periódica tournée, foram substituídos por uma leva de gente sem pátria, rostos incaracteristicos destas paragens e que apenas procuram os negócios da aldrabice e da roubalheira.

Obviamente sempre controlados pelas autoridades que deles cobram um ridículo imposto para que eles exerçam a sua actividade ilegal legalmente.

Como é que é possível a Câmara Municipal de um qualquer lugarejo português permitir a venda de produtos contrafeitos num espaço controlado pelas autoridades?

Como é que é possível permitir que esta gente continue a prejudicar o comércio tradicional que luta ingloriamente para sobreviver contra as investidas das legais pagadoras de impostos grandes superfícies?

Note-se que esta gente não paga impostos, não paga renda de estabelecimento, nem água, nem luz, nem cria postos de trabalho, transporta produtos ilegais de um lado para outro numa bem organizada rede de contrabando que lesa gravemente o país.

São uma das mais importantes fatias da economia paralela.

Não satisfeitos com todas as regalias que auferem, estes autenticos animais deixam o espaço da feira semanal transformado numa autentica estrumeira. Depois os funcionários da Câmara procedem à limpeza do espaço. Gentilmente, todos pagamos esse serviço.


Não deveriam ser obrigados a pagar isso?

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